A exposição Plug-in da artista Joana Vasconcelos acontece no MAAT até o dia 08 de abril.
A imensa instalação ocupa o amplo espaço do Museu, onde entre cores, azulejos, tecidos e símbolos nos perdemos nas leituras icônicas da artista.
Não podemos resumir as obras como se fossem criadas para o universo adulto, mas sim para todos aqueles que tem adoração pela beleza das construções, sejam crianças, adultos ou adultos mais crescidinhos.
Para quem entra no universo da “Joana” sem tão pouco ler a respeito das obras ou sequer passar os olhos nas paredes onde podemos compreender seu significado, não fica fora do caminho da apreciação. A arte é isso; observação e releitura; observação e entendimento individual.
A exposição
Numa primeira fase de olhar tentei entender a criação, almejei desmistificar alguns símbolos e entrei no universo das cores fortes e sua inspiração à felicidade.
No segundo momento decidi por ler as legendas para realmente entrar na história verdadeira da obra e qual foi minha surpresa; eu não estava tão longe do caminho real.
Essa “brincadeira” de olhar, sentir e perceber é a alma da arte. É o que nos transporta para diversos universos paralelos ao nosso.
Joana Vasconcelos nos trouxe à velha Lisboa com uma diversidade de cores. “Valkyrie Octopus” nascida em 2015, ostenta os bairros lisboetas: Chiado, Alfama e Madragoa. São os bairros que se conectam, são os tentáculos que nos prendem a estes icones, é o espaço que nos abraça e nos envolve.
Num segundo momento temos o flashback, diria até que um momento nostalgia.
“War Games, Drag Race, Strangers in the night”
Ficaria ali parada por horas ao som de “Strangers in the Night”, relembrando a época em que eu nem vivi, mas que me traz lembranças de infância.
Essa é a verdadeira conexão da obra com o espectador. As luzes a piscar, o som a ecoar e a intensidade do pisca pisca a nos levar para as noites.
A expressão de poder, o luxo, noitadas, o amor, a ilusão, a violência e os jogos. Todo contexto em 3 obras que, mergulhadas num espaço escuro e sóbrio, nos transportam no tempo, nos fazem viajar em filmes e sensações.
Estas poucas luzes e a melodia ao fundo fazem de nós protagonistas daquela experiência, protagonistas das nossas caixinhas internas que carregam diferentes olhares e experiências.
As interpretações são individuais, a obra é única, mas a fusão dos dois é um universo de detalhes indescritíveis.
Não sei se ficaria com a leveza do Octoplus ou com a nostalgia dos carros, sem dúvidas Joana construiu em dois andares uma dupla sensação, um mix daquilo que nos envolve no dia a dia.
Uma pausa para respirar e lá estamos ´nós embaixo da “Arvore da Vida” uma arvore criada durante a pandemia com 13 metros de altura,140 mil folhas e mais de 300 ramos “plantada” no solo de um edifício.
A árvore da vida representa a capacidade de vencer desafios, além de significar vitalidade e força e foi nesse contexto que ela foi criada durante a pandemia.
Não poderia deixar de citar também “I´ll be your Mirror” Inspiração para muitas interpretações, para o reflexo de nós mesmos, do mundo e do espaço ao redor que literalmente é refletido nas 255 molduras barrocas em bronze (desenhadas e decoradas pela artista) e em 510 espelhos sobrepostos.
A máscara veneziana desmascara o ser, reflete o indivíduo e o espaço.
Para finalizar um conjunto de 110 aros de carros e 1449 copos de uísque compondo um “Solitário”.
Solitário; o símbolo de ostentação de muitas mulheres; construído com ícones de poder masculino onde ambos se resumem à expressão de solidão.
Mas o símbolo não separa a artista do público, ao contrário; é uma aliança entre a obra e o espectador.
Inúmeras são as interpretações e cabe a cada um fazer sua leitura individual.
A arte é sempre um convite ao apuramento do olhar.
Vale a pena a visita.