Lisboa começa março com o maior evento de moda da capital. A 62ª edição do Lisboa Fashion Week aconteceu entre 8 e 10 de março no Pátio da Galé.
FOR GOOD; fazer o bem a si, ao outro e ao planeta.
Foram 3 dias intensos de muita criatividade.
Vestimos calças, saias, tecidos que dançam ou até que não se movimentam; não vestimos apenas o corpo vestimos a alma, muito além de texturas, é como se fosse uma bandeira que traduz em fibras o nosso ser. O conceito MODA vai além do vestir, é o pertencer, é o expressar.
A delicadeza dos tecidos fluidos, a rigidez dos tecidos modernos, já não há definições do certo ou errado, de padrões ou cores; a subdivisão do feminino e masculino agora dá vez ao genderless. Vista-se de quem você é nada mais importa.
É isso, moda vai muito além da percepção estética, ela habita no subconsciente, no processo, nas leituras e releituras, a moda é táctil e ao mesmo tempo intocável, só quem dela se veste consegue entender os códigos escondidos e os códigos que queremos mostrar.
E nessa miscelânea de simbolismos, os designers criam suas mais novas interpretações. Cabe à nós contemplar e tentar decifrar o que há por trás de cada tema.
O Moda Lisboa é isso, é um espaço onde se fala de Moda, cultura e arte, onde se respira inspirações.
Nesses 3 dias transitaram por lá inúmeros designers:
Sangue Novo
O Sangue novo foi composto por 6 finalistas que mostraram o futuro, o processo, a construção, as barreiras e as vitórias.. os designers do amanhã.
Decenio X Molnm
Essa foi a estréia da collab entre Decenio e Molnm. A apresentação contou com 14 peças sem gênero, além do uso da inteligência artificial no processo criativo permitindo a experimentação de novos materiais e técnicas.
Luis Carvalho
Blossom, o contraste nas estruturas, cores e materiais; a silhueta sem gênero.
Dino Alves
Take one for the team
Moda X Futebol, espirito de equipa, comunidade, união e celebração.
Ivan Hunga Gargia
“A distinção entre fetiche e o que é fetichizado, privacidade e exposição interpessoal, mas também a autoexpressão em limbo com a interpretação alheia sobre identidade, apresenta elementos essenciais para compreender a emancipação do sentido de comunidade.”
Carlos Gil
“O impossível é apenas o começo” A coleção DREAM traz a força e a fluidez do universo feminino. O mix de texturas leva-nos à suavidade e beleza tornando Dream a tradução da mulher sonhadora, jovem, sofisticada.
O flamingo – símbolo de amor, equilíbrio, graça e beleza – destaca-se entre brilhos, estampas trazendo a suavidade do universo feminino.
Uma mulher sonhadora, mas que também é livre e ousada. Uma mulher que transforma o lúdico em realidade. A transparencia de uma personalidade forte e determinada.
IED Graduates
Seis formando passando pela experiência mais importante do início de carreira; o frio na barriga, o coração a palpitar, os desafios e o aprendizado na prática do que realmente é a experiência de criar dentro dos desafios cotidianos.
Coleção Fragile
Coleção Vitruviana
Coleção Aire.
Coleção Surronded by Nobory.
Coleção Stain.
Coleção Tutti hanno paura.
Buzina Brand
Entre tecidos, laços e o over(sized), a Buzina traz o seu legado não apenas na passarela, mas na plateia também. Quem é Buzina, carrega no corpo a marca!
A coleção Boucle, deixou sua mensagem: texturas, volumes e muito maximalismo.
Lion of Porches x Paatiff
Do virtual ao físico; a collab Lion of Porches X Paatiff (vencedor da primeira edição da AI Fashion Week) trouxe para esta edição peças criadas a partir da inteligência artificial.
Luis Buchinho
A leveza e delicadeza do cetim, a liberdade nos cravos, o feminino, frágil e ao mesmo tempo a rigidez do contemporâneo.
A cena é única: uma miscelânia de simbolismos que finalizam na busca do amor e proteção.
Portuguese Soul
Shoes For Life; uma homenagem à 40 mil pessoas trabalham na indústria de calçados em Portugal.
A representação da qualidade, durabilidade e produção responsável praticada em Portugal.
Ricardo Andrez
90% do material da coleção veio de deadstock.
Ricardo criou uma nova forma de romantismo a partir da consciência sustentável.
Gonçalo Peixoto
Sometimes we just wanna kiss; a frase que conquistou muitas fashionistas pela irreverencia, foi também tema da sua coleção.
Focado nos detalhes, Gonçalo investiu tempo à cada criação.
Ukrainian Fashion Week
The symbol of eternity the new era. As águas-vivas são símbolo do infinito, uma metáfora para a vida, renovação, purificação e energia vital.
Omelia
A delicadeza dos apliques florais feitos à mão através de ganga reciclada.
Nadya Dzyak
Etrenal circe, inspirada nos antigos símbolos da cultura Trypiliana (Cultura Tripiliana foi uma cultura do período Neolítico que ocupou a região das atuais Romênia, Moldávia e Ucrânia.)- o circulo e a espiral, que adornam o pysanky ucraniano, a cerâmica e a joalharia antiga.
Filipe Cerejo
“Sou humano: Considero nada humano como estranho para mim.”
A coleçao Homo Sum representa a liberdade, peças sem gênero e a delicadeza e fluidez do guarda-roupa masculino.
Provocação, autenticidade … o real.
Arndes
Roupa de trabalho ou a tranquilidade da noite? Os tecidos do cotidiano são reinterpretados e ganham destaque entre a intensidade do dia e a tranquilidade da noite.
Duarte Hajime
My hand is the extension of the thinking process – the creative process. “Tadao Ando”
Esse foi o ponto de partida para o processo; uma moda jovem e em constante evolução. O carisma e a energia de Duarte são inquestionáveis.
Béhen
Não te quero. O belíssimo trabalho artesanal; o bordado da Madeira e de Viana, as mantas de minde e as meias crochet de São Vicente do Piaui. Um culto às raízes ribatejanas da marca.
Salsa Jeans
Its the fit, not the brand.
A peça fundamental no guarda-roupa.
Valentim Quaresma
Valentim explora o mix joalheria X têxtil. É ao casamento perfeito moda & arte.
Kolovrat
A fusão entre individualidade e a circunstância.
O poder do “eu” enquanto poder de decisão.
então…
O que nos resta é reler, interpretar e vestir nosso ser.
Cada um traz o seu tema e cada tema vai ao encontro de tribos distintas. Somos todos humanos (eu acho né!), mas somos diferentes e a diferença nos atrai, é ela que nos coloca no lugar onde estamos e nos move para onde queremos chegar.
A moda não é “acessório” de beleza, ela é comunicação, é grito, é suspiro, é descanso… é a tradução do Soul.
Esse foi o Moda Lisboa outono/inverno 24/25. Aguardamos então a próxima estação….
fotografia/divulgação Ugo Camera
