Ah!
Ahhhh! não poderia começar de outra forma!
“Uma proposta que traduz na moda a força libertadora das tempestades, dos vulcões e dos movimentos tectônicos, transformando a passarela em um palco de transformação.”
Poético! Poucas cores e um universo de releituras.
Força, liberdade, amplitude.

Sabe aquela sensação de estar fazendo dobraduras em papel para vestir bonecas? É como se tivessem dobrado e desdobrado, amassado e sanfonado muitos tecidos e num passe de mágica lá estavam as “bonecas” vestidas e prontas para encarar qualquer tempestade.
Alguns designers nos fazem suspirar e querer lá estar. Sentir a sensação daqueles tecidos nos envolvendo, viver atmosfera e até derramar lágrimas.


Depois da explosão de cores de Ágatha Ruiz de la Prada, a atmosfera mudou. Foi a vez de De la Cierva y Nicolás apresentarem uma coleção intensa, delicada e profundamente emocional. A dupla criativa formada por Dolores Nicolás e sua filha Blanca de la Cierva levou à passarela um trabalho que falava sobre sentimentos à flor da pele — aqueles instantes em que a emoção se materializa em lágrimas, mas também em força e beleza.
De la Cierva y Nicolás completam a triologia ‘Lachryma’ , ‘Éter’ e agora ‘Ímpetu’.
Moda como emoção palpável
Os looks oscilaram entre a leveza quase etérea e a dramaticidade. Vestidos com volumes estruturados, drapeados que pareciam se mover sozinhos e tecidos que refletiam a luz como se fossem emoções tornadas visíveis.

Cores que contam histórias
A paleta escolhida reforçava esse jogo de contraste: o branco evocava pureza, o preto transmitia sobriedade, enquanto o marrom já trazia certa intensidade na narrativa. Cada tonalidade parecia carregar um estado de espírito, compondo uma verdadeira linguagem cromática.
Teatralidade contemporânea
Além da moda, o desfile foi construído como um espetáculo completo. Música, projeções e efeitos visuais criaram um ambiente imersivo, no qual cada modelo se transformava em personagem de uma história não contada, mas sentida. Era como assistir a uma performance artística onde roupa, som e luz se fundiam para transmitir sensações.
Elegância que toca o íntimo
Mais do que roupas bonitas, a proposta da marca foi emocionar. Ao longo da apresentação, o público parecia viver um turbilhão de sentimentos: nostalgia, surpresa, contemplação. Havia no ar uma percepção clara de que se tratava de algo maior que moda — era uma reflexão sobre fragilidade e resiliência, traduzida em tecido.
Encerramento memorável
Quando as luzes diminuíram, os aplausos surgiram fortes, não apenas como gesto de cortesia, mas como resposta visceral ao que havia sido experimentado. Dolores e Blanca mostraram que a moda pode ser íntima e universal ao mesmo tempo, e que as lágrimas, quando transformadas em criação, podem iluminar uma passarela inteira.