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Em meio a um caos organizado na imensidão de uma sala de desfiles, os olhos se perdiam em estilos, gêneros, texturas e idiomas. As cortinas se abrem — agora não mais pelas mãos de contra-regras puxando cordas pesadas, mas por imagens digitais projetadas em um telão que seduzia visualmente o público.

Como se não bastasse o encanto inicial, surge uma marionete: uma pequena “Ágatinha”, carregada nos braços de uma modelo. Ali, no coração da passarela, ela se faz presente e marcante: Ágatha Ruiz de la Prada, a criadora que transforma cores em identidade.

Não há como falar de Ágatha sem falar de cores. O show começa e os tecidos vibrantes invadem o espaço, criando uma atmosfera de fantasia. Para muitos, o desfile pode ter remetido à infância; para mim, trouxe lembranças vívidas, como um mergulho em memórias transformadas em arte.

Naquele instante, passado, presente e futuro se encontraram. Pela primeira vez, a designer incorporou a inteligência artificial ao processo criativo, sem perder a alma lúdica que a caracteriza.
O grand finale foi apoteótico: Ágatha surgiu para receber os aplausos vestida como sua própria marionete — ou teria sido o contrário, a marionete vestida como Ágatha? Entre criadora e criação, a fronteira desapareceu.

O espaço então se encheu de um único som: as palmas calorosas de uma plateia rendida ao arco-íris vibrante e absolutamente humano da genial Àgatha Ruiz de la Prada.